tempos médios de espera

Hospital Particular Alvor

00h00m

Atendimento Permanente

Hospital Particular Gambelas

00h00m

Atendimento Permanente

00h00m

Pediatria

Hospital Particular da Madeira

00h00m

Atendimento Permanente

00h00m

Pediatria

Madeira Medical Center

Atendimento Médico
não programado

Dr.ª Marina Augusto Estevão

Nutricionista
Especialista em Nutrição Clínica

 

 

Dr.ª Marina Augusto Estevão

Nutrição na adolescência

HPA Magazine 17


A adolescência é uma fase de grandes alterações e transformações físicas, psicológicas e sociais que fazem com que a criança transite da infância para a idade adulta. Habitualmente esta transição acontece entre os 11 e os 18 anos e é de extrema importância que seja auxiliada por uma alimentação saudável.
Durante este período as caraterísticas sexuais secundárias começam a desenvolver-se e a capacidade de reprodução é atingida. Verifica-se uma aceleração do crescimento na faixa etária dos 11 aos 14 anos, mais precoce nas raparigas, embora mais acentuada posteriormente nos rapazes. Durante a adolescência existe também um acentuado ganho ponderal que no caso das raparigas coincide com um aumento da massa gorda, derivada à ação estrogénica e da menarca, enquanto que nos rapazes se verifica uma diminuição da massa gorda e aumento da massa magra por ação androgénica.

 


Nutrição na adolescência


 

As necessidades energéticas diárias variam de acordo com o sexo devido a estas diferenças verificadas na composição corporal e também devido à aceleração da velocidade de crescimento e desenvolvimento físico do adolescente. Esta diferença é mais acentuada por volta dos 16 anos em que os rapazes têm um acréscimo de cerca de 430Kcal relativamente às raparigas, enquanto que por volta dos 11 anos esta diferença é de apenas 119Kcal. 
É nesta altura que surge também uma maior preocupação com o corpo e a imagem corporal numa busca permanente de uma identidade e conquista de autonomia. A necessidade de se afirmar e conquistar um lugar perante os pares, assim como a auto perceção do peso corporal e consequente satisfação ou preocupação quanto à imagem corporal poderão influenciar os comportamentos alimentares do adolescente.
Nesta fase, devido à separação emocional dos pais e à busca de novas sensações, as refeições caseiras e nos refeitórios escolares ficam para segundo plano. Temos muitos adolescentes a fazerem grande parte das suas refeições em restaurantes de fast food ou que simplesmente saltam algumas refeições durante o dia.  Com estas mudanças no estilo de vida e por conseguinte nos hábitos alimentares verifica-se um aumento do consumo de alimentos com elevada densidade energética (açúcar e lípidos) e um decréscimo de alimentos nutricionalmente mais ricos em fibras, minerais e vitaminas importantes como o ferro, cálcio, e vitaminas A, C e D. Surgem também os primeiros contactos com bebidas alcoólicas e energéticas ricas em açúcar, cafeína e sal, assim como o consumo frequente de refrigerantes.
Para além disso nesta faixa etária tem -se verificado uma diminuição das horas de sono, muitas das vezes passadas nos écrans em redes sociais ou videojogos e uma diminuição da prática desportiva.
Estas alterações de comportamento e dos hábitos alimentares poderão causar, para além da obesidade e excesso de peso já muito falados, défices nutricionais como por exemplo de cálcio derivado da menor ingestão de produtos lácteos e maior consumo de refrigerantes. Nesta fase da vida ocorre o desenvolvimento dos ossos e dentes o que faz com que as necessidades deste mineral estejam aumentadas. 
Sabemos que a vitamina D tem um papel fulcral na absorção do cálcio, sendo que se verifica que os nossos adolescentes passam menos tempo ao sol e que a ingestão de alimentos como sardinhas, cavala ou óleo de fígado de bacalhau é reduzida.
A pobre ingestão de cálcio e vitamina D poderá estar relacionada com alterações na mineralização óssea que terão como consequência deformidades ósseas e osteoporose para além de promover uma maior instabilidade no sistema imunitário e cardiovascular. 
Estudos correlacionam um maior risco de défice de vitamina D em adolescentes obesos uma vez que esta é mais dificilmente absorvida na presença de tecidos gordos. Por outro lado, o défice desta vitamina tem sido relacionado com um aumento do risco de Síndrome Metabólico e Diabetes Mellitus tipo II. Torna-se por isso importante a correção com suplementação de vitamina D, numa perspetiva de melhorar o tratamento da obesidade e resistência à insulina.
Surgem também por esta fase os regimes de alimentação vegetariana e vegan que se não forem bem planeados poderão originar défices de ferro e comprometer a performance física e mental do adolescente, especialmente nas raparigas cujas perdas menstruais poderão não ser repostas pela dieta e cujas necessidades estão aumentadas nesta faixa etária relativamente aos rapazes.
Por exemplo, substituir carne e peixe por vegetais e batatas não é a melhor opção, as leguminosas, os vegetais de cor verde escura, as sementes, frutos oleaginosos e alguns cereais fortificados deverão fazer parte deste tipo de regime alimentar.
 

As necessidades energéticas diárias v

Devido aos ideais de perfeição corporal impostos pela sociedade e dos media, mas também devido à pressão provocada pelos pares e treinadores, alguns grupos de alimentos importantes são excluídos.
As “dietas da moda” como os jejuns ou as low carb são adotadas pelos adolescentes, provocadas muitas vezes por baixa autoestima e insatisfação relativamente à imagem corporal, podendo resultar no desenvolvimento de distúrbios alimentares, como a bulimia e a anorexia nervosa. 
De forma a mantermos os nossos adolescentes saudáveis é necessário ter uma atitude positiva, mas realista em que lhes sejam explicados os riscos para a saúde de determinados regimes e hábitos alimentares.
Realizar pequenas alterações à dieta alimentar, sempre negociadas com o adolescente, poderão ser um bom começo:
• Reforçar a importância do pequeno-almoço; após o jejum noturno a ingestão de um pequeno-almoço equilibrado que contenha por exemplo, 1 lácteo + 1 fruta + 1 cereal integral de forma a garantir a energia e nutrientes necessários para o dia de aulas melhorando a concentração e o rendimento intelectual;
• Lanchar regularmente de forma a evitar longos períodos de jejum; começar por sugerir 1 peça de fruta, 1 ovo ou 1 pequena porção de nozes ou amêndoas sem sal;
• Introduzir sopa de legumes em alguns dias da semana e estipular 2 dias na semana para o consumo de pescado;
• Privilegiar o consumo de água em detrimento de refrigerantes e outras bebidas açucaradas ou de composições desaconselhadas.
Sabemos que a prática regular de uma modalidade desportiva desde cedo, ajuda o adolescente a focar-se num estilo de vida mais saudável em que a motivação para uma alimentação equilibrada, completa e variada surge de forma mais natural. Felizmente vemos já adolescentes que sentem necessidade de procurar e utilizar alimentos saudáveis e o nosso discurso com eles deve também reforçar e valorizar os seus esforços em fazer escolhas mais equilibradas.
Esta é a última “oportunidade” para consolidar hábitos alimentares saudáveis que irão permanecer durante toda a vida adulta e influenciarão o estado de saúde geral do indivíduo.